capa do disco NADA NUNCA JAMAIS do Pusher174

resenha: Pusher 174 – NADA NUNCA JAMAIS

Finalmente ouvi NADA NUNCA JAMAIS, disco novo do jovem punk rocker Pusher 174, sobre quem já fizemos um mini-doc pro canal de YT dos parças da Pó de Vidro. (Hyperlinks são o futuro internet, sabia?)

Acho que é o melhor dele por conseguir trazer o que tinha mais separado nos outros discos. Os lançamentos anteriores, de quando chegou chegando e lançando tudo meio que duma vez só, ele fazia mais setorizados: um de dance punk, outro de hardcore punk, outro de pós punk, outro de punk rock. Sempre no esquema eletrônico banda de um homem só que o Gonzaga esmiuçou aqui. Nesse tá tudo no mesmo e sem parecer colcha de retalhos. O que é maluco, porque ao mesmo tempo, com essas músicas mais variadas, grita a obsessão que ele tem com timbres – aposto que se fosse perguntar ele diria que foi mais aleatório que cerebral, por conta de seguir o caminho possível em cima de cada sample, sendo que isso é totalmente raciocínio sensível, bem coisa do trap (e suas vibes etc e tal) e da sua geração, ambos lugares de origem do rapazote. Por tudo isso poderia por isso aprender coletânea de singles, só que tem unidade sim. Tanto pela manha em navegar dum clima pra outro farmando aura, quanto pela maneira de abordar temas, e obviamente uma coisa poliniza a outra aqui.

Por isso mesmo é o disco dele que mais grita a falta de produção, justamente porque ele chegou num lugar em que evidenciar mais esse apuro das sonoridades iria potencializar os sons. Não tô falando dele perder o charme da produção caseira, pelo contrário. É que com esse ele se consolidou como grande compositor da sua geração até agora, inscrito na tradição brasileira de comentar política em tempo real com galhofa e ódio. Quem pode tá vacilando de não empregar esse rapaz, seja pra trabalhar a própria obra pro alto e avante quanto pra fazer canções sob medida que o povo lá precisa (lá eu dando dica pro Complexo Industrial-Musical). Imagina se ele chega em sua era skate punk sacando Naked Raygun e Pegboy? Abraça.

  • André Maleronka é diretor criativo e ⅓ da Caro Vapor Vidas. Ombudsman do mundo no Crise Crise Crise, comandou a redação da VICE durante a existência do veículo no Brasil. Antes disso publicou em Rolling Stone, Overmundo, +Soma, Agora SP, EleEla e Trip. Art punk.

    Ver todos os artigos
×