Apavore no Carnaval com máscaras rebeldes

Tá chegando o Carnaval e você quer inventar uma fantasia que te deixe misteriose (e esconda seu rostinho mal diagramado) obviamente sem gastar muito, pensar em algo muito elaborado, etc. Pois seus problemas acabaram! Listamos aqui 5 grupos rebeldes que usam máscaras (e alguma violência) clássicos para você assustar traseuntes, tomar enquadro da polícia e quem sabe tiro de fuzil em algum morro durante as festas momescas.

De Che Guevara a Mao Zedong, de Louise Michel a Leila Khaled, normalmente a revolução se faz metendo as caras, para o inimigo ter uma face para te reconhecer (e temer). Mas com o uso amplo e tecnologias de reconhecimento facial (mais notadamente a popular fotografia) e a necessidade de se mover sem dar pala em ambientes urbanos, a segunda metade do século XX viu um crescimento importante no uso da máscara como uniforme revolucionário. Nem todos os grupos aqui citados ainda estão operantes, e muitos abandonaram as máscaras, mas seu legado continua, inclusive influenciando a cultura pop, do Kneecap ao Pussy Riot. Pega a lista e lembre-se de se hidratar porque tá quente pra caralho no mundo do aquecimento global:

5 – Zapatistas

O Subcomandante Marcos antes de declarar a própria morte | Crédito: AFP

O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) inspirou centenas de milhares de militantes anarquistas do mundo todo com sua insurgência no sul do México nos anos 1990. Além do uso pioneiro da internet para se comunicar, o Subcomandante Marcos lançou um estilo próprio, o passamontanha (como são chamadas as balaclavas utilizadas pelo grupo), de preferência com um cachimbo na boca. Boa para você que não quer deixar o tabaquinho nosso de cada dia e se manter na estica.

4 – Hamas

Crédito: peguei no Outras Palavras

O grupo rebelde mais em alta do mundo no momento, que divide opiniões mas demonstra firme resiliência numa Faixa de Gaza sob constante ataque (agora na fase “limpeza étnica” promovida por Donald Trump” também tem seu estilo. Suas balaclavas negras adornadas com uma faixa verde que traz a mensagem da Shahadah, o “credo islâmico” (“Não há outro deus além de Allah; Muhammad é o mensageiro de Allah”) e pode deixar qualquer sionista completamente transtornado. Por outro lado, aumenta suas chances com qualquer e-girl do PCO.

3 – IRA

Crédito: achei na internet, pôster/ panfleto clássico do grupo
Crédito: Enciclopédia Britânica

Os pioneiros do uso consisitente de máscaras e balaclavas, o Exército Provisório Republicano Irlandês (pIRA) utilizava uma série de balaclavas bem improvisadas em suas ações de dia a dia (imagem 1), mas uma nova versão do grupo deu um upgrade no visu, com óculos escuros, lenço e boinas (imagem 2). Ou seja, você tem 2 maneiras diferentes de mostrar seu apoio à independência da Irlanda do Norte (ou exibir pra todo mundo que assistiu Say Nothing, o que meio que dá na mesma).

2 – Sandinistas

Crédito: Susan Meiselas, ela é a mais mais

A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), já degenerada em algum arremedo de evangelismo estranho, foi um MUST nos anos 1980, incendiando a imaginação das esquerdas em todo o mundo ao derrotar a sanguinária família Somoza em 1979 em uma guerra de guerrilhas. Os embates continuaram na década seguinte, com os Contras, seus adversários, vendendo cocaína para a CIA em troca de armas. Usando bandeiras e máscaras indígenas tradicionais, ou o que tivessem à mão, inspiraram rolês punk aqui e alhures, seja com o Sandinista do Clash ou com “Sandina” dos Replicantes.

1 – ETA

Crédito: AFP (mas foi tirado de uma vídeo do grupo)

O Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade), grupo separatista basco que operou especialmente na Espanha, teve um fim melancólico após muita treta nos anos 1980, não sem ganhar simpatia mundial ao fazer o presidente da ditadura franquista Carrero Blanco estrear como primeiro astronauta espanhol em um atentando de 1973, principal responsável pelo fim do regime. Mas o que importa aqui é que, rapaz, eles tinham ESTILO. A manta branca cobrindo a cabeça, só com dois buracos para os olhos, é a imagem do terror para gerações inteiras.

Abaixo, mais um monte de imagens de rebeldes mascarados para você montar um moodboard de como aterrorizar a vizinhança:

  • Amauri Gonzo é o Caronte das Viagens ao Fim da Noite, antifa, jornalista, palestrinha profissional e marxista heterodoxo. Foi editor de sites como Vice Brasil, + Soma e Ponte Jornalismo, repórter no G1 e mais. Já traduziu e revisou títulos para editoras como Veneta, Autonomia Literária e sobinfluencia, além de ser coordenador de programação da FLIPEI.

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